Hoje estava um bom dia para ficar na cama, ouvindo a chuva e
cochilando.Porém, a obrigação é mais forte que a devoção, então comecei o dia. A tarde, com um
friozinho meia boca de 14º , chuvinha com vento, me deixou melancólica. Comecei a pensar na vida, na minha vida, lembrei-me de pessoas que já passaram por ela. Fatos vividos. E assim a tristeza chegou. Tive vontade de ir pra casa, pois hoje, tenho menos tempo que ontem, para curtir o que gosto, os meus filhotes. Como deixar de ver, por exemplo,
Maneco, o gato/cachorro/
chiclete, que me segue o tempo todo e quando chego em casa está no vidro da porta, com cara de sono, a perguntar: por que você demorou?ou ver
Queixinho, escalando a tela da janela do 2º piso, se espremer no vão do forro para entrar ou então, sair pela casa da vizinha,pular o muro e entrar pela frente da casa e saltar a janela da sala. Ou o Caco, que alucina quando ouve o barulho de saco plástico e fica sambando na frente da gente com o olhar de:Joga! Joga! que eu trago de volta(é o 1º gato que eu conheço que faz isso). E a Serena? que provoca o
Luiz, chamando pra brincar e quando se ataca tira tudo que pode de cima da mesa de trabalho ou da
cômoda ou da mesinha de cabeceira(relógio, óculos, pincéis, caixas de remédio, etc) e carrega escada abaixo no tapa E a Nina, que se desmancha de dar cambalhota, por um amasso. Sem falar do Perna, o gato Abóbora. De dia ninguém toca nele, de noite se chega e fica roçando e esfregando o nariz , pra ganhar carinho. A
Miu, minha
cabeçinha chata, a que caiu do ninho quando nasceu e ficou lesa. Fica mirando duas horas antes de dar um pulo. As vezes, ela incorpora alguma coisa e fica louca, correndo,correndo até se
estabanar em algo, quase sempre na gente. Sem falar da procissão, todo dia de manhã, descendo as escadas no meio das nossa pernas, entre miados e tapas, pra gente abrir a porta e todo mundo ir ao jardim. E a turma dos fundos?Fred, o
magrela que nunca engorda,
o malandro que sabe abrir porta, mas não entra, espera todo mundo entrar e fica de canto espiando pra ver se vai dar merda e só depois é que vem, com cara de bom dia.
O Elvis, o que quebrou o tabu de que gato transmite doenças
respiratórias, coitado, ele tem uma
baita alergia a poeira e tem crises homéricas de espirros.E o Bolinho, o gato mais calmo da casa, não se abala com nada, todo dia vem pra porta da cozinha e mia pedindo para entrar. E quando entra, conversa com a gente e quando cansa, pede pra sair. O
Lelo, que assumiu a liderança da "quadrilha dos fundos", quando a
Chica virou estrelinha. Aparta as brigas só no olhar e vez em quando acha de patrulhar o quintal dos outros.E tem
também os focinhos. Como esquecer
Deia, meu
bebecão, toda vez que pego meu celular e vejo sua foto, instintivamente passo o dedo na imagem. Tobias, o cão Pudim-de-
Dengo-com-Calda-de-Sono, que todos os gatos vão "falar" com ele e a criatura tranquila nos seus 60
quilos, to nem aí. E
Aida, minha velha
popozuda,
borelhosa e
babonauta, que reclama quando não acha sua almofada ou tapete pra dormir. E Tina,
veinha,
esclerosada, firme e forte na
batatinha.
Fido Dido, o cachorro que gosta de filhotes, inclusive os humanos e cuida deles com dedicação. E
Kim, a
fusquinha,
patinete de pulga, que corre louca com seus brinquedos na boca e vem e os coloca nos nossos pés, no balde d'agua, na bacia de roupa lavada, dentro da lata de tinta, no meio do lixo que estamos varrendo, só para jogarmos de volta. Ainda tem o
Véio e a Vitória, alegres e carinhosos. Por tudo isso e mas um pouco, que não cabe aqui, é que tenho medo. Medo de partir, de deixá-los, sem saber qual vai ser o destino deles.