quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O outro lado.

Espero que, a tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro, minha terra natal, assim como tantas outras, que nos últimos tempos abalam o nosso Planeta, sirvam para todos nós, sem exceção, de alerta, para acordarmos do marasmo da indiferença, para com o próximo, para com a natureza, para com a VIDA.O texto abaixo, transcrito do Blog de Carlos Alberto Teixeira, via O Globo, me chamou a atenção não só pelo relato de quem vivenciou a tragédia, mas por mostrar uma outra dor, a dor daqueles que não falam. Deixo bem claro que, NÃO estou pedindo ajuda ou doações,nem arrecadando nada, isto é opção de cada um. 

'Mas, e os animais?', indaga moradora de Terê

Luiza Pinheiro, escritora, 48 anos, apaixonada por cães e moradora de Teresópolis, no bairro Imbuí, acaba de enviar a seguinte mensagem a seus amigos e conhecidos, escrita no sábado, dia 14:

A todos os amigos que se preocuparam:

Todos os cães e eu estamos bem. Estamos sem luz, sem telefone, internet, sem água (que foi cortada pelo risco de contaminação pelos corpos dentro dos rios), poupando bateria de celular. Entre minha casa e a primeira curva havia sete barreiras e deslizamentos. Mas hoje a estrada já foi liberada para moradores e consegui fazer chegar a ração que havia faltado.
Todos os moradores do meu condomínio deixaram suas casas a pé. A água subiu a uns 2 metros para dentro do condomínio e duas casas que ficavam mais baixas, perto do rio, foram varridas com perda de tudo dentro. Uma outra está inteiramente rachada. Eu fiquei aqui 'com os ratinhos do navio'.
Minha casa não tem mais cercas pela ação da água e os cães estão presos em um local menor e não entendendo o porquê de não serem soltos. De hoje para amanhã, as coisas devem melhorar perto de mim, talvez com luz e, daí, com celular.
Vim até uma lan house para escrever a todos os que foram maravilhosamente incríveis procurando notícias e oferecendo ajuda. A primeira melhor ajuda que cada um poderá dar é adotar os cães das protetoras de Teresópolis, para que possamos abrir espaço para os que teremos que resgatar. Nem todas as protetoras do estado dariam conta do sofrimento que sei que não vou conseguir descrever para vocês.
A segunda ajuda será certamente financeira, porque estes cães estão paralíticos, fraturados, sendo comidos por bicheiras dos ferimentos e começando a ser apedrejados pela população com medo de doenças ao vê-los em estado desesperador e começando a se atacar uns aos outros por fome.
Eles vagam pelas ruas em desamparo sem socorro. Sinto tanto por estar fornecendo o número da minha conta, e nem tenho idéia do aporte financeiro que será necessário. Tomara que eu consiga organização suficiente para prestar contas do que foi doado e gasto, mas a esta altura muitas das protetoras agirão sozinhas, muitas estão isoladas e não teremos ajuda para dar conta de cães e contas.
A cidade se parece com o Haiti pós terremoto. Nas regiões mais afetadas o cheiro está insuportável. Os corpos chegam em caminhões baú, 60, 80 de uma vez. Ou então levados pelos moradores que ainda têm carro, em pickups, caminhonetes, Fuscas. Não se conseguiu ainda fazer uma contagem oficial — os mortos que foram computados são apenas os que foram reconhecidos.

Pessoas passam boiando pelos rios. Pelas ruas, os corpos estão amontoados, ou sob escombros que máquina nenhuma conseguirá retirar. Começam-se a encontrar pés, braços.
Os animais ficaram para trás em casas trancadas, sem comida ou água, ou no alto das ribanceiras despencadas, andando de um lado para outro em desespero, sem conseguir descer.
Os poucos moradores que deixam suas casas arrastando animais desesperados chegam no local onde são recolhidos pela Defesa Civil para descobrir que não poderão levar seus animais para os abrigos. São então abandonados às dezenas neste local.
Tem chovido intermitentemente, mas não forte, mas as próximas previsões são assustadoras. Os bairros onde sobraram casas em pé serão totalmente evacuados por conta do risco de rompimento da barragem do rio mais afetado. Mais animais estarão sem socorro de qualquer espécie. Não tenho ideia de como será possível para cada um de nós andar pelas ruas sem poder socorrer a todos. 
Ao lado de minha casa fica um sítio por onde as pessoas cruzavam o rio para chegar ao outro lado do asfalto, fugindo da catástrofe. Era como um êxodo de guerra. Helicópteros de todas as cores cruzando os céus às dezenas, sirenes a noite inteira, levas de pessoas, sempre em silêncio absoluto, adultos carregando suas crianças e seus bebês, homens vergados sob o peso do que era possível carregar nas costas. Todos de cenhos franzidos, idosos em passos arrastados, todos com estórias para contar de terrores inimagináveis.
Doem, por favor doem. Qualquer coisa, ou de tudo um pouco.
Faltam, além de todo o básico óbvio na cidade, velas, fósforos, pilhas de todos os tamanhos, lanternas, pasta de dente, fraldas, absorventes femininos e medicamentos. A prefeitura se mobilizou e comprou todo o estoque das farmácias, que, mesmo assim não dá conta, então faltam medicamentos para as equipes de resgate e para os moradores.
Roupas já nem são tão necessárias, nem cobertores, mas lençóis, fronhas e travesseiros sim.
Mas o mais necessário é água, muita água, muita água, muita água. Nas casas cujas caixas d'água ainda retêm alguma água, ela tem que ser fervida para diminuir o risco de doenças. Já existem casos de leptospirose e de tétano, e o número vai aumentar exponencialmente nos próximos dias. A população de ratos nem se esconde mais nestes locais mais atingidos, eles já fazem parte do cenário de caos.
Nos abrigos improvisados para os animais, além de ração e medicamentos, pede-se papelão para eles deitarem, potes de sorvete para servir de tigela de ração e água, muito jornal, e correntes, porque é a única forma de mantê-los todos juntos sem que briguem.
As pessoas que se dirigiram espontaneamente aos abrigos da prefeitura e que foram acompanhadas em suas caminhadas de dezenas de quilômetros por seus fiéis animais de estimação tiveram que deixá-los na porta. O centro da cidade está coalhado de cães desnorteados, cruzando as avenidas que, durante o dia têm o trânsito quase parado de tão lento. O perigo maior para eles é à noite, quando vários são atropelados, andando sem saber para onde estão indo.
A cidade hoje está sendo saqueada, pedestres estão apanhando nas ruas. Acho que perto de minha casa estarei em segurança, mas em minha primeira saída de casa já encontrei um cão que se arrastava na estrada e uma mãe e uma filhotinha que conseguiram não se separar em meio à tragédia. Vamos mendigando lares temporários para eles, mas os corações já estão ocupados ajudando os humanos.
Em minha casa, lotada de animais e com menos espaço, a lama contaminada já provocou seu efeito em diarréias e verminoses em meus cães antes saudáveis. Nos perguntamos como os desnutridos passarão por todas as provações. Caminho pela cidade com mochila nas costas lotada com mais de 5 kg de ração atualmente, tentando aliviar o sofrimento de todos os que não posso ajudar.
O outro lado desta estória é o trabalho incansável e incessante das equipes de todas as procedências, trabalhando madrugadas adentro sem cessar, no breu, na chuva, no risco, nos deslizamentos. São os que liberam estradas, recolocam postes, levam e buscam moradores, doações, resgatam, tratam, socorrem. Nem tem mais cara de trabalho, mas de uma missão em que ninguém para de trabalhar enquanto não estiver concluída. Há também repórteres chorando em frente às câmeras por não suportar a visão do que é indescritível.
Vou tentando dar notícias nos próximos dias. O céu está bem carregado hoje.
Minha conta vai abaixo, mesmo que eu não tenha acesso a banco atualmente. Já ficam aqui meus agradecimentos, porque não sei se conseguirei retornar a cada um de vocês individualmente para agradecer devidamente: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Meu beijo a vocês, meu obrigada pelo que já fizeram, minha emoção pelo que ainda vão fazer. 
Luiza
 ”

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Ilha

Imagem retirada do Google

Depois de um fim de ano bem corrido, começamos 2011. Os 10 primeiros dias não foram muito diferentes do fim de ano, exceto pelo fato da família se mandar para Floripa e eu ficar por aqui, por motivos profissionais e particulares. Mas como araruta tem seu dia de mingau, fui com o filhão na 5ª passada rumo a ilha. Saímos abaixo de chuva e assim foi até a entrada da ponte, 7 horas depois. Não acreditei que lá estava tudo sequinho, sequinho. Família reunida, comecei a curtir meus 3 dias e meio de praia/férias. No dia seguinte, emplastada de protetor solar, fui rever o cantinho da praia que tanto gosto, que decepção, ele não existe mais, a agua invadiu tudo, só sobrou a praia da praça de Ponta das Canas e a praia do lado esquerdo em direção a Cachoeira do Bom Jesus, onde fiz estas fotos,
No sábado, fomos até os Ingleses visitar uma loja que descobri em outra temporada, Soeli, Atelier de Artes Domésticas, fica na SC403 - nº 5820, não estou levando comissão não, só que a Soeli deixa a gente tão a vontade, você é tão bem recebido que vale a pena divulgar, então, arteiras de Floripa, arteiras em passagem pela ilha e simpatizantes, visitem o atelier. Se houvesse mais tempo, teria feito algum cursinho por lá, convite houve, mas fica para próxima. Depois de abastecer o meu estoque de materiais de artesanato, fomos para Lagoinha, praia boa para crianças. No domingo, o maridão resolveu conhecer o sul da Ilha, o tempo estava feio, mas lá vamos nós, Armação, vejam as fotos abaixo,
Na sequência, fomos a Pantano do Sul ( ou Pântano?) e praia da Solidão, onde pude dar rosto e voz a uma amizade virtual, depois de um verdadeiro trabalho de "investigação", pois as minhas referências eram fotos que guardei na memória e nome do local, cheguei até a  Clarice. Após o susto inicial que a coitada levou, ficou o prazer de conhece-la e a promessa de voltar. Faltou a foto para registrar o momento, pois ficamos ligeiramente abobalhadas na hora. Beijos e abraços e seguimos por Ribeirão da Ilha, com os viveiros de ostras, ótimo caldo de cana e lindas rendas de bilro, até Caiera, onde o tempo já estava melhor, deu para catar conchinhas e dar um mergulho, fomos até o fim da "linha", mas o passeio até Naufragados, por trilha ou barco, ficou para outra oportunidade. Voltamos por Campeche, que lembra a Barra da Tijuca/RJ a uns 30 anos atrás e por fim passamos pela Lagoa do Peri(sem foto).
Agora temos elementos para comparar, o lado sul é mais rústico, simples, nem por isso menos bonito.
Voltaremos, com certeza, para terminar de conhece-lo.
Na segunda, corre para praia da Lagoinha e almoço em Bom Jesus, volta, carrega os carros e pé na estrada, com a sensação de quero mais e a certeza da volta, esse ano ainda ou no outro, não importa.
O sujeito limpando o nariz, eu não conheço. Deve ser hermano.
As fotos estão na sequência do texto e são de minha autoria. O trio da 6ª foto, para quem não sabe, é o Lê, a Tati e a Juju. Bjs a todos.